Por serem os imigrantes responsáveis pela fundação de Los Angeles, seria difícil acreditar que o preconceito étnico-racial foi responsável por sérios conflitos que ficaram marcados na história da cidade. Infelizmente, essa era uma realidade que se estendeu nas leis californianas até a metade do século XX.
Por décadas, desde a criação da cidade, a população era predominantemente de brancos, mas com seu crescimento econômico e a constante imigração, ela passou a abrigar um número significativo de negros, latinos e asiáticos, especialmente com a chegada dos chineses, que foram vítimas de uma massacre em 1871.
Vindos da China em busca de ouro, muitos acabaram tendo que se contentar com o trabalho na construção da primeira linha de trem da cidade. Com o fim das obras, os chineses passaram a sofrer com a discriminação racial e começaram a se envolver com atividades menores como em lavanderias, restaurantes e vendas de vegetais. O baixo valor dos salários pagos a eles só alimentou a rejeição dos americanos o que resultou na matança.
Nos anos de 1920, já era possível observar a divisão étnica do condado. Os negros e asiáticos se viram cada vez mais excluídos em subúrbios nas partes sul e leste de LA, que os limitavam o acesso a melhores oportunidades de trabalho e educação. Essa batalha por espaço só contribuiu para o crescimento do preconceito.
Tentando pôr um fim a essa situação, a Assembléia Legislativa da Califórnia, em 1963, proibiu a recusa de aluguel ou venda de imóveis por causa de raça, etnia, sexo, estado civil e deficiência física. Não contentes com a decisão, a ala conservadora sugeriu a realização de um referendo para a Proposição 14, que visava garantir o direito de escolha dos proprietários. O projeto de lei foi aprovado, nas eleições californianas de 1964, por uma grande quantidade de votos. Quatro anos depois, o conflito imobiliário foi resolvido quando a Suprema Côrte dos Estados Unidos constatou que a proposição violava a constituição americana.
De uma cidade predominantemente agrícola para grande sede do entretenimento do mundo, Los Angeles se destaca hoje pelo turismo e a atividade industrial, como a aeroespacial, que atrai matemáticos, físicos e engenheiros para a região. Além disso, ela é considerada o segundo maior centro financeiro do país, com três grandes bancos e várias companhias financeiras, e um dos maiores produtores de petróleo bruto dos Estados Unidos. Apesar de todo esse desenvolvimento, é possível escutar e presenciar, mesmo que raramente, casos de preconceito contra negros e imigrantes. A cidade devido aos resquícios do passado continua dividida por etnias e a maioria da população negra e latina ainda se concentra na parte sul e leste do condado.