No país do business

Em 2006, Julio recebeu a proposta de abrir na América do Norte uma filial da empresa onde trabalha

Sair do Brasil. Aprender uma língua diferente. Conhecer pessoas novas e viver uma outra cultura. A aventura de viajar para fora do País faz parte dos sonhos de muitos jovens brasileiros e os Estados Unidos estão na lista dos países mais procurados pela galera. Mas, se o tal sonho americano nunca passou pela sua cabeça e de repente a empresa em que você trabalha propõe não apenas uma viagem a negócios, mas a ideia de fixar residência no exterior? Isso foi o que aconteceu com o paulista Julio Meliani, que deixou São Paulo em direção a Los Angeles, há cinco anos.

No auge da carreira de gerente na rede Chilli Beans, Julio recebeu a proposta de abrir e gerenciar a primeira filial da companhia na América do Norte. “Sinceramente, nunca havia pensado ou desejado isso, mas, com o convite, nasceu uma vontade de me tornar um imigrante na terra do Tio Sam”, explica. E, então, por causa dessa inesperada vontade, ele deixou seu endereço no Butantã e mudou-se para sua nova residência em Hollywood.

Nos primeiros meses em solo americano, a falta dos amigos e de fluência na nova língua foram as principais dificuldades encontradas. Mas, o momento mais crítico dessa nova experiência ainda estava por vir com a grande crise econômica que afetou o mundo em 2008.

Em 2010, foi inaugurada a nova loja da Chilli Beans em Santa Mônica

“Todas as áreas da economia americana simplesmente pararam. Tivemos que renegociar o aluguel da loja, demitimos funcionários e baixamos a carga horária dos que restaram. Foi realmente uma época muito difícil para os EUA”, relata. Antes da crise, as vendas geravam um bom lucro para a loja, até então a única no país. “Se o cliente gostasse de quatro peças, ele levava todas sem pestanejar. Agora, eles pensam mais nos gastos.”, explica.

Para Julio, a grande diferença entre o público brasileiro e o de Los Angeles está na relação com os vendedores. Enquanto os brasileiros gostam do auxílio na escolha do produto certo para seu perfil, os americanos preferem um serviço mais self-service. Mas eles não dispensam um vendedor apto a responder suas perguntas relativas tanto às características do produto como à marca. “Nosso papel é deixá-lo à vontade, mas também introduzi-lo à forma ‘acolhedora’ de atendimento que temos no Brasil.”

Superadas as dificuldades pessoais e de mercado, Julio diz que a qualidade de vida, o acesso à informação e à tecnologia compensam a saudade de casa. Ele acredita que se estivesse no Brasil nesses últimos cinco anos não teria mudado muito em termos profissionais, já que provavelmente continuaria trabalhando como gerente para a mesma empresa. Mas, talvez, não tivesse adquirido tantos bens materiais e nem a maturidade que uma experiência no exterior proporciona. Quando o assunto é voltar para terra natal, ele diz que a garantia dos seus direitos por lei e o crescimento econômico são alguns dos fatores que o trariam de volta, apesar de achar que a hora do regresso ainda não chegou. “O que me faria mudar para o Brasil agora seria a melhora da educação do povo e isso eu sei que só acontece com décadas e décadas.”

Fora do mundo dos business, esse paulista de 27 anos tem outro sonho: a fotografia. Em um país em que a tecnologia e os equipamentos são muito baratos e acessíveis, fica mais fácil ousar e investir no hobby. “Poderia achar vários conceitos filosóficos para definir a

Nos momentos de folga, ele dedica seu tempo à fotografia, sua grande paixão

fotografia, mas acho que ela nada mais é do que a minha forma de ver o mundo e de mostrá-lo para as pessoas”. Além disso, o fácil acesso aos cursos de formação na área e o clima ensolarado da cidade durante praticamente todo o ano também facilitam a prática da atividade.

Apesar da paixão, ele não pensa em deixar a área de administração de empresas para seguir a carreira de fotógrafo. “Quero aprender tudo que eu puder, dominar diferentes técnicas e etc. Se vier a ganhar dinheiro um dia com isso, seria legal, mas não é minha intenção inicial.”, garante. Para o futuro, os planos são bem palpáveis: “Fazer a empresa em que trabalho prosperar no mercado americano e, claro, investir tempo e dinheiro em mim e nas pessoas que eu amo”, finaliza.

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