Voltar ou não voltar, eis a questão!

Para Adrianna, estar próxima à praia é uma das vantagens de morar em Los Angeles

No início, decidir viajar e morar nos Estados Unidos para muitas pessoas é bem fácil e o “sim” parece vir instintivamente. A descoberta de um novo mundo e a busca por um melhor padrão de vida são as principais justificativas dos brasileiros para viver no exterior. O problema começa depois de algum tempo, quando a vida encontra sua rotina. É, então, que os questionamentos aparecem: voltar ao Brasil depois de juntar algum dinheiro ou ficar definitivamente longe do País? A saudade da família só ajuda a aumentar essa incerteza.

Trata-se de uma dor inesquecível. Para ela, não há remédio, nem cura. O paliativo não está na medicina, mas na tecnologia. Ou melhor, nos sites de relacionamentos e programas multimídia como o Skype, que amenizam o sofrimento ao encurtar as distâncias, pelo menos virtuais. Há quem não consiga superar a falta da família e dos amigos e volte para o Brasil. Outros aprendem a lidar com o sentimento e vão ficando.

A decisão sempre é complexa. Que o diga a paulista, Adrianna Lobo, 31, que vive nos Estados Unidos desde 2003. Há oito anos, ela deixou Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, e embarcou para Atlanta, na costa Leste americana. A escolha da cidade se deu pela conveniência de ter primos e tios morando lá. A segurança e o acolhimento dos familiares, porém, não foram suficientes para Adrianna. Como não se identificou com a cidade, um ano e meio depois, ela se mudou para Seattle, no Noroeste do país. A beleza do lugar a encantou, mas as constantes chuvas passaram a afetar o seu humor. Decidiu mais uma vez mudar de cidade, até finalmente chegar em Los Angeles, em 2007.

O tempo ensolarado, a vida perto da praia e o contato com a natureza a fizeram uma apaixonada pelo condado. Foi lá que o mountain bike (MTB) surgiu na sua vida. “No Brasil, trabalhava fazendo a cobertura do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura. Los Angeles é perfeita para esportes outdoor, montanhas all over. Amo!”, anima-se. Mesmo assim, nem a sua descoberta do MTB, nem a sua paixão por LA a ajudaram a resolver o impasse entre permanecer nos Estados Unidos ou regressar para o Brasil.

A situação ficou mais difícil com sua primeira visita ao país após sete anos sem pisar em território brasileiro. Ela achava que a decisão viria naturalmente ao rever os amigos, os familiares e os lugares que costumava frequentar quando morava em Guarulhos. Mas, para sua grande surpresa, não foi o que aconteceu. “Viajei com todas as expectativas de me decidir e voltei para Los Angeles até meio chateada. Me perguntava: por que não quero mais viver em São Paulo?”, conta.

Mas se Adrianna já não pertencia a Guarulhos, tampouco se adaptou à maneira como os americanos se relacionam. Ela reclama da solidão que as vezes sente e das amizades pouco duradouras. “No Brasil, sempre tem alguém com você. É primo, mãe, tio, parente, avó, papagaio… Aqui, a gente se sente muito sozinha, por mais que tenha amigos, namorado, uma vida social até boa. O povo trabalha tanto. O meu melhor amigo me conhece há quatro anos. Isso é pouco comparado ao que eu tenho no Brasil. Às vezes, sinto essa falta de apego”, diz.

Com a ajuda do namorado, Adrianna descobriu no mountain bike um hobby

Só falta exercer o jornalismo. “Vou ser garçonete até quando?”, questiona. Ela acredita que se não tivesse vivido esse tempo nos EUA estaria bem na área de comunicação em São Paulo, como alguns dos seus colegas de graduação. Por outro lado, ter uma experiência no exterior sempre foi um dos seus objetivos de vida. Apesar das dificuldades que enfrentou durantes todos esses anos, ela não se lamenta de ter optado por uma vida longe da terra natal. Quando vai voltar para o Brasil? Ela continua sem saber: “Acho que meu coração vai dizer”.

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